quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

〇 ᑭᖇᗩ乙ᕮᖇ Ð〇 ᔕᕮ᙭〇 ᔕᕮᗰ ᑕᗩᗰƗᔕƗᘉᕼᗩ

"Evoluir é viver". Nessa perspectiva, é possível que homens e mulheres que se posicionam heteroeroticamente passem a incorporar (ou já estejam incorporando) o conceito de barebacking ou a criar novas categorias para focalizar o sexo sem camisinha em seu cotidiano, produzindo-se, também, uma multiplicidade de sentidos. Nessa direção, a própria internet tem possibilitado a troca de experiência entre pessoas com trajetórias culturais e biografias diversas, mobilizando a capacidade criativa de seus atores.
Assim, é preciso reconhecer a existência do sexo sem camisinha, discuti-lo abertamente, considerá-lo como uma dimensão possível (e legítima) das experiências eróticas, bem como compreender os distintos interesses e sensações, as estratégias para não usar o preservativo e os significados produzidos em torno das práticas sexuais desprotegidas. Para além de uma perspectiva moralizante, no sentido de atribuir e fixar valores como certo ou errado, bom ou mal, é preciso dialogar com essas práticas e discursos que fazem parte de cotidianos diversos, inclusive para entender (e admitir) os limites, dificuldades e outros prazeres vividos por atores concretos no momento em que surge a (não) necessidade do sexo seguro, bem como desenvolver ações ou programas que sejam pertinentes ao mundo da vida.



Por outro lado, é importante reconhecer que as relações eróticas na contemporaneidade adquirem características de consumo (Bauman, 1998b), quando as pessoas buscam colecionar sensações novas, considerando a infinidade de estímulos disponíveis através de meios e canais diversos. Nesse cenário, o prazer deve ser usado e substituído sempre que perder sua novidade (Bauman, 2004).
Vivemos um tempo promissor em vários sentidos, inclusive por imaginar realidades psicológicas menos rígidas, sufocantes, no sentido de serem mais permissivas e transicionais (Costa, 2004). Entretanto, a tão almejada felicidade sensorial também não é (definitivamente) alcançada, já que precisa ser sempre renovada, podendo gerar mais ansiedade e frustração. Abre-se, aqui, um novo desafio. Ao mesmo tempo em que é importante reconhecer a liberdade criativa das pessoas, inclusive para que possam mobilizar formas e espaços alternativos de produção de novos prazeres (e desejos), no sentido de recriar o gosto pela vida, devemos, também, problematizar a fragilidade do tempo atual em relação aos modelos e referências importantes para a construção de projetos comuns ou mais coletivos.




2 comentários:

  1. adorei super interessante e ja realizei deu certo

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    1. Meio redundante o seu comentário, Fábio. Não acha? Pessoas sexualmente ativas, quem nunca transou sem camisinha, que atire a primeira pedra!

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